POSES E VARIAÇÕES - ESCULTURA EM PARIS NO TEMPO DE RODIN
26 out 2018 - 4 fev 2019 na Fundação Calouste Gulbenkian
Quando entrei na sala grande da exposição, reparei que as
estátuas pareciam estar posicionadas como um jogo de xadrez. Todas com tamanhos
diferentes, de pequenos a tamanhos reais (grandes como um ser humano).
A exposição foca-se no tema da pose enquanto elemento
fundamental da escultura figurativa. A exposição procura sublinhar a nova
relação que os artistas presentes estabelecem entre o realismo, a sensualidade
e o sentimento. A exposição reavive a paixão pela escultura e a perceção da
qualidade da representação tridimensional do corpo humano nas suas mais
diversas formas.
O conjunto de obras selecionadas para a exposição – que
representa o ciclo da vida da infância à maturidade – estabelece assim diálogos
criados a partir das diversas poses.
A sala, possuía números a indicar o tipo da pose das
esculturas:
1 – A ausência da pose: baseada nas crianças. Os artistas
abordaram o motivo com um olhar quase "puro" e também o corpo
infantil que se encontrava ainda desarticulado ou em formação, no ato de posar
uma dificuldade real;
2 – A figura acocorada: apresenta uma figura que
simultaneamente se mostra e se esconde, num jogo de conotação sexual. A
escultura encoraja o espectador a contorná-la e, na sua beleza, que permanece
virtuosa;
3 – Maternidade: o tema do sentimento maternal esteve
presente na arte francesa da década de 1870. Estas cenas foram muitas vezes
sugeridas aos escultores pelos seus próprios círculos familiares, no seio dos
quais encontraram modelos preferenciais;
4 – Figuras entrelaçadas: procuravam estabelecer através do
tema da união de dois ou mais corpos representados. E a proximidade da
representação de amantes recorreu à pose para a criação de efeitos dinâmicos na
combinação de duas figuras entrelaçadas agrupadas num corpo compacto;
5 – A figura em pé: ilustram o tema intemporal da figura de
pé, parada ou em movimento.
Enquanto deambulava na sala para observar as figuras, surgiu
uma música (não consegui identificar devido à minha surdez) e um grupo de
jovens. No início, andavam aleatoriamente para observar as estátuas e começaram
a dançar. Era evidente que estavam a fazer uma atuação para expressar ao
público que as figuras são de geral, não somente as estátuas com poses.
Após disso, a sensação que senti sobre a exposição foi
tristeza, resumirei o mais possível para compreender os meus sentimentos.
Nasci surda e admiro a Língua Gestual, então comecei a
investigar mais sobre a História dos Surdos. A Língua Gestual sofreu de
opressão e discriminação pois a sociedade achava que a surdez causava problemas
mentais por não conseguirem comunicar.
Ironicamente, desde a Antiguidade, faziam as estátuas com
poses para expressar o sentimento e a Língua Gestual é idêntica. Tem a
configuração das mãos, localização, movimento, expressão facial e orientação. E
não consideravam a Língua Gestual como uma língua até no século XX.
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