segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Partilha de Memórias

Através de mais um scrool banal numa das redes sociais a que estamos acostumados, tive, felizmente, o prazer de me cruzar com o trabalho do artista plástico Dylan Silva. Este, tal como eu, era, ainda na altura, um estudante como muitos outros na cidade do Porto. Talvez esta sensação de proximidade tenha criado, de certa forma, uma ligação mais pessoal entre mim e as obras que este produz, como que uma visão mais íntima.
          Dylan Silva nasceu na Suíça a 16 de Julho de 1993, mudou-se para Portugal com 5 anos de idade onde, anos mais tarde, se licenciou na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto no curso de Pintura. Desde então que cria imagéticas e obras predominantemente sobre a figura masculina com recurso a aguarelas e acrílicos. Este tem vindo a promover o seu trabalho, como artista freelancer, entrando em pequenas exposições e fazendo colaborações com outros jovens artistas.
          Mais uma vez, uma notificação levou-me a, no final de tarde frio do dia 9 de Novembro de 2018, ir até à galeria Apaixonarte onde decorreu a inauguração da exposição “I’ve Seen This Before”. Apesar de já ter tido contacto físico com algumas das suas obras anteriormente esta foi a primeira vez em que o fiz num ambiente tão formal. 
  De copo de vinho na mão e na companhia de um amigo, percorri a modesta sala da galeria com a premissa de encontrar “um conjunto de imagens criadas através da memória“, como explicava o flyer disponibilizado à entrada. 
  Ao estilo do própio artista, a exposição apresentava um carácter simples e desinibido. As obras, expostas em apenas três paredes, apresentavam um posicionamento informal e effortless, remetendo-nos para um ambiente de estúdio. Penduradas por molas metálicas ou simplesmente emolduradas e colocadas no chão, encostadas casualmente à parede, estas davam vida a um ambiente confortável e intimista.
  Em termos formais as pinturas apresentavam na sua generalidade cores frias entre azuis, cinzentos e tons de rosa claros sobre fundos brancos. Em alguns casos, com alguns apontamentos de amarelos e verdes. Existe uma presença de manchas de cor sólidas que enquandram a figura humana no espaço, criando dessa forma dimensão nas obras. Nomes como “Someone waking up in the morning“ ou “A plane lanscape“ reflectem a vivência do autor que nos aproxima pela sua temática assim como pelo facto da figuração sobrevoar a pintura, não nítida,  remetendo para a memória de cada um de nós, que visitou aquele espaço.
  Dylan dá uma importância significativa à mancha em relação à linha, muitas vezes sobrepostas, sendo a linha estrategicamente utilizada para reforçar a silhueta e salientar pormenores momentâneos. Joga entre luzes suaves ou mais contrastantes, mas predominantemente as pinturas refletem uma luz ambientalista e uniforme.
          Apesar da ausência de legendas nas obras, consegui-me identificar com o conteúdo da exposição pela descrição da mesma, não me senti deslocado nem ausente, pelo contrário, fiquei emergido no mundo do Dylan, intímo e próximo. As memórias do artista são facilmente memórias nossas, memórias de algo que já vivemos, num mundo real ou imaginário. 

                                         







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