terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Exercício de Divisão

Projeto do artista brasileiro Marcius Galan de nome “Exercício de Divisão” para a Galeria Francisco Fino em Lisboa que se realizou de 20 de Outubro a 16 de Novembro.

Em primeiro contacto, quando entramos na sala principal somos confrontados com um espaço simétrico, com a sugestão de uma linha que divide a galeria a meio e define um eixo longitudinal que nos leva a interpretar a outra metade do espaço. Contudo, no decorrer do espaço e à medida que nos confrontamos com as diversas peças pendentes em vigas ou dispersas pelo chão e paredes, coloca-se em questão: o que estamos a ver, será a sombra dos objetos ou o seu próprio reflexo? Uma duplicação da realidade ou a simulação de uma realidade duplicada? 




Em resultado da experiencia deste projeto, Marcius Galan desafia a percepção do espectador, gerando um conflito perceptual entre o que vemos e o que imaginamos, real e o virtual, pedindo-nos uma reflexão sobre a natureza fenomenológica e gestáltica da arte contemporânea.
Esta exposição, “Exercício de Divisão” é uma vivência ilusória formada pelo espectador no tempo e espaço, sendo uma “obra aberta” provoca diversas possibilidades interpretativas e visuais conforme o olhar de cada espectador.



No decorrer da cena, o espectador através de um envolvimento próprio para com os objetos reconhece a sua natureza e intenções, revelando assim os “truques” visuais criados pelo artista. Sombra luz, molduras de ferro vazias, projeção de reflexos e sombras inexistentes, variações de cor, intervenções em elementos arquitectónicos, são rampas de lançamento para a exploração de infinitas possibilidades de “ser” no tempo e espaço, uma nova luz que revela-nos, podendo assim chegar ao sentido de “liberdade” momentânea, pois é a abstração de tudo em confronto da realidade manipulada que cria a ilusão de sermos levados para uma nova existência onde “somos” em função de “tudo”. Logo a “liberdade” é experienciada em função do ser, pois num lugar onde nada é real, fazemos o “loop”, tudo é possível.

Em finalização, “Exercício de Divisão” mostra-se como um apelo à reflexão e à imaginação, todo o acontecimento é afirmado através das relações ambíguas estabelecidas com o visível, tudo isto numa fusão entre os objetos, o espaço e o espectador.




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