sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Star Wars - O Despertar da Força

Star Wars - O Despertar da Força
  


“Star Wars - the Force Awakens”, (em Português, “Star Wars – O Despertar da Força”) foi um dos filmes mais aguardados de 2015, para não dizer, um dos filmes mais aguardados de sempre, pelas audiências de todo o mundo.
Em 1977, quando estreou “Star Wars”, o filme que deu início à saga, o sucesso foi completamente sem precedentes. Nas palavras de George Lucas, a “Guerra das Estrelas” é uma “Space soap opera” para toda a família. Pais e filhos foram juntos assistir às aventuras de Luke Skywalker, e seus companheiros, (humanos, andróides e extra-terrestres) na sua luta do bem contra o mal, ou do lado bom contra o lado negro da “Força”. Aliando uma estória simples, mas bem construída, a uma produção megalómana, com uma imagem e som deslumbrantes e efeitos especiais absolutamente inovadores, toda uma geração cresceu, aguardando com ansiedade pelo próximo episódio, em que mais mistérios seriam revelados.
A saga de “Star Wars”, foi criada em 1977 por George Lucas, com o episódio IV da saga. Seguiram-se os episódios V e VI em 1980 e 1983, respectivamente.  Tendo sido desde o início pensada como um conjunto de 3 trilogias de filmes, Lucas produziu a 2ª trilogia (episódios I, II, e III) nos anos de 1999, 2002, 2005. E depois de um interregno de 10 anos, finalmente surgiu em 2015 “Star Wars - the Force Awakens”, a que se deverão seguir os 2 episódios que concluirão a série.

Após o relativo insucesso dos episódios I, II e III, em que a dolorosamente sofrível realização de George Lucas parecia ter apenas como objectivo inventar bonecos e situações para alimentar jogos de video, mantendo as personagens dos filmes à deriva num mar de pretextos para produzir merchandise em quantidades industriais, a Disney inicia negociações para adquirir a totalidade dos direitos sobre a saga “Star Wars” e todos os seus personagens e storylines. Essa negociação conclui-se em 2011, e imediatamente se começam a elaborar os preparativos para produzir a terceira trilogia da saga.
J.J Abrams foi a escolha da Disney (sancionada por Lucas) para dar nova vida à saga. O reconhecido realizador de “Super 8”, é considerado por muitos como o digno sucessor da geração de Lucas e Spielberg, e surge assim, como o prometido salvador da série, e sobretudo como aquele que poderá devolver a estória às pessoas, e a toda uma nova geração de espectadores de cinema.
No entanto, “Star Wars – The Force Awakens” é apesar disto, um filme que cumpre a sua função, mas sem brilho. A realização é eficaz, mas falta-lhe convicção e parece seguir o argumento sem questionar se os caminhos que a estória percorre terão já sido demasiado calcorreados no passado.
J.J. Abrams parece ter receio de sair do território muito familiar da estória da saga, cumprindo a encomenda que a Disney lhe fez, mas sem arriscar em nada, e por isso, sem tornar o filme verdadeiramente seu.

Lawrence Kasdan, que escreveu no passado o argumento do melhor filme da série, “Empire Strikes Back”, foi de novo chamado para escrever o argumento de “Star Wars – The Force Awakens”, mas a estória parece repetir, quase ponto por ponto, a estória da 1ª trilogia (episódios IV, V e VI) da “Guerra das Estrelas”, parecendo quase um remake.
O filme estabelece um paralelo entre esses episódios e esta nova trilogia que se inicia, e essa ponte funciona muito bem. O argumento tem piscadelas de olho constantes, dirigidas aos espectadores, com referências aos filmes anteriores (por exemplo, a Millennium Falcon, e o jogo de “xadrez intergaláctico”).
A articulação entre os actores originais da saga, e os actores que interpretam as novas personagens funciona bastante bem. A aposta nos novos actores, os jovens Daisy Ridley (Rey), Adam Driver (Kylo Ren) e John Boyega (Finn) foi muito boa. Qualquer um deles faz um bom papel, e conseguem dar uma dimensão mais humana às personagens muito bidemensionais que interpretam, fazendo até empalidecer os actores mais velhos que, em comparação, parecem (sejamos honestos) bastante canastrões.
No entanto, a sequência final, em que voltamos a ver Mark Hamill no papel de Luke Skywalker, depois de ter sido criada ao longo do filme (e fora dele) uma enorme expectativa em relação a esse reencontro, é para mim o melhor final possível para o filme, e este não poderia (nem deveria!) terminar de nenhuma outra maneira.
E a melhor coisa do filme, será sem dúvida a introdução da personagem do robot BB-8! Este é uma personagem deliciosa, e onde a Disney terá investido muito na sua criação e desenvolvimento, já a prever as novas receitas de merchandise relacionadas com BB-8. Mas é sem dúvida uma maravilhosa adição à galeria de personagens de Star Wars!
As coreografias das lutas com os sabres de luz, deixam um pouco a desejar, e sabemos que, depois de já termos visto Samuel L. Jackson com um sabre de luz em punho, a fasquia é muito elevada, mas esperávamos melhor...
No geral, os efeitos visuais e sonoros continuam técnicamente irrepreensíveis, mas nem estes nos arrebatam: Ben Burtt, responsável pelos efeitos sonoros, e um dos melhores sound designers de todos os tempos, assina uma banda sonora funcional, mas sem o amor que sentimos ter dedicado aos personagens de “Star Wars”, no início da saga, ou mais recentemente, a “Wall-E”.
John Williams repete a receita da música para esta banda sonora original, recheada de temas e leit-motivs que remetem para anteriores episódios da série, mas, mais uma vez, e em sintonia com todo o resto do filme, também a música não nos impressiona, parecendo limitar-se a repetir a receita já anteriormente testada e comprovada.
Não posso falar dos efeitos 3D, já que a exibição que vi era de uma cópia 2D, com muita pena minha... No próximo episódio, pode ser que já consiga assistir à versão para IMAX!
Em conclusão, o filme “Star Wars – The Force Awakens” desilude bastante. Talvez as expectativas sejam demasiado altas para um filme que está tão enraizado no imaginário colectivo de todos nós. Mas a verdade é que J.J. Abrams realizou um filme em que todos esperávamos ter sido surpreendidos e arrebatados e deslumbrados, mas de onde, ao contrário, saímos com a sensação, de já todos termos visto antes este filme.



Mafalda Roma, Nº8731
Cultura Visual
FBAUL / MEA

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