Star Wars - O Despertar da Força
“Star Wars - the Force
Awakens”, (em Português, “Star Wars – O Despertar da Força”) foi
um dos filmes mais aguardados de 2015, para não dizer, um dos filmes mais
aguardados de sempre, pelas audiências de todo o mundo.
Em 1977, quando estreou “Star Wars”,
o filme que deu início à saga, o sucesso foi completamente sem precedentes. Nas
palavras de George Lucas, a “Guerra das
Estrelas” é uma “Space soap opera”
para toda a família. Pais e filhos foram juntos assistir às aventuras
de Luke Skywalker, e seus companheiros, (humanos, andróides e extra-terrestres)
na sua luta do bem contra o mal, ou do lado bom contra o lado negro da “Força”.
Aliando uma estória simples, mas bem construída, a uma produção megalómana, com
uma imagem e som deslumbrantes e efeitos especiais absolutamente inovadores, toda
uma geração cresceu, aguardando com ansiedade pelo próximo episódio, em que mais
mistérios seriam revelados.
A saga de “Star Wars”, foi criada
em 1977 por George Lucas, com o episódio IV da saga. Seguiram-se os episódios V
e VI em 1980 e 1983, respectivamente. Tendo
sido desde o início pensada como um conjunto de 3 trilogias de filmes, Lucas
produziu a 2ª trilogia (episódios I, II, e III) nos anos de 1999, 2002, 2005. E
depois de um interregno de 10 anos, finalmente surgiu em 2015 “Star Wars - the Force Awakens”, a que
se deverão seguir os 2 episódios que concluirão a série.
Após o relativo insucesso dos episódios I, II e III, em que a dolorosamente
sofrível realização de George Lucas parecia ter apenas como objectivo inventar
bonecos e situações para alimentar jogos de video, mantendo as personagens dos
filmes à deriva num mar de pretextos para produzir merchandise em quantidades industriais, a Disney inicia negociações para adquirir a totalidade dos direitos
sobre a saga “Star Wars” e todos os
seus personagens e storylines. Essa
negociação conclui-se em 2011, e imediatamente se começam a elaborar os
preparativos para produzir a terceira trilogia da saga.
J.J Abrams foi a escolha
da Disney (sancionada por Lucas) para dar nova vida à saga. O reconhecido realizador de “Super
8”, é considerado por muitos como o digno sucessor da geração de Lucas e
Spielberg, e surge assim, como o prometido salvador da série, e sobretudo como
aquele que poderá devolver a estória às pessoas, e a toda uma nova geração de
espectadores de cinema.
No entanto, “Star Wars – The Force Awakens” é apesar
disto, um filme que cumpre a sua função, mas sem brilho. A realização é eficaz,
mas falta-lhe convicção e parece seguir o argumento sem questionar se os
caminhos que a estória percorre terão já sido demasiado calcorreados no
passado.
J.J. Abrams parece ter
receio de sair do território muito familiar da estória da saga, cumprindo a
encomenda que a Disney lhe fez, mas sem arriscar em nada, e por isso, sem
tornar o filme verdadeiramente seu.
Lawrence Kasdan, que escreveu no passado o
argumento do melhor filme da série, “Empire
Strikes Back”, foi de novo chamado para escrever o argumento de “Star Wars – The Force Awakens”, mas a
estória parece repetir, quase ponto por ponto, a estória da 1ª trilogia
(episódios IV, V e VI) da “Guerra das Estrelas”, parecendo quase um remake.
O filme estabelece um paralelo entre esses episódios e esta nova trilogia que
se inicia, e essa ponte funciona muito bem. O argumento tem piscadelas de olho
constantes, dirigidas aos espectadores, com referências aos filmes anteriores
(por exemplo, a Millennium Falcon, e
o jogo de “xadrez intergaláctico”).
A articulação entre os actores originais da saga, e os actores que
interpretam as novas personagens funciona bastante bem. A aposta nos novos actores,
os jovens Daisy Ridley (Rey), Adam
Driver (Kylo Ren) e John Boyega (Finn) foi muito boa. Qualquer um deles faz um bom papel, e conseguem dar uma dimensão mais humana
às personagens muito bidemensionais que interpretam, fazendo até empalidecer os
actores mais velhos que, em comparação, parecem (sejamos honestos) bastante
canastrões.
No entanto, a sequência final, em que voltamos a ver Mark Hamill no
papel de Luke Skywalker, depois de
ter sido criada ao longo do filme (e fora dele) uma enorme expectativa em relação
a esse reencontro, é para mim o melhor final possível para o filme, e este não
poderia (nem deveria!) terminar de nenhuma outra maneira.
E a melhor coisa do filme, será sem dúvida a introdução da personagem do
robot BB-8! Este é uma personagem
deliciosa, e onde a Disney terá investido muito na sua criação e
desenvolvimento, já a prever as novas receitas de merchandise relacionadas com BB-8.
Mas é sem dúvida uma maravilhosa adição à galeria de personagens de Star Wars!
As coreografias das lutas com os sabres de luz, deixam um pouco a desejar, e
sabemos que, depois de já termos visto Samuel L. Jackson com um sabre de luz em
punho, a fasquia é muito elevada, mas esperávamos melhor...
No geral, os efeitos visuais e sonoros continuam técnicamente
irrepreensíveis, mas nem estes nos arrebatam: Ben Burtt, responsável pelos
efeitos sonoros, e um dos melhores sound
designers de todos os tempos, assina uma banda sonora funcional, mas sem o
amor que sentimos ter dedicado aos personagens de “Star Wars”, no início da saga, ou mais recentemente, a “Wall-E”.
John Williams repete a receita da música para esta banda sonora
original, recheada de temas e leit-motivs
que remetem para anteriores episódios da série, mas, mais uma vez, e em
sintonia com todo o resto do filme, também a música não nos impressiona,
parecendo limitar-se a repetir a receita já anteriormente testada e comprovada.
Não posso falar dos efeitos 3D, já que a exibição que vi era de uma cópia
2D, com muita pena minha... No próximo episódio, pode ser que já consiga
assistir à versão para IMAX!
Em conclusão, o filme “Star Wars –
The Force Awakens” desilude bastante. Talvez as expectativas sejam demasiado
altas para um filme que está tão enraizado no imaginário colectivo de todos
nós. Mas a verdade é que J.J. Abrams realizou um
filme em que todos esperávamos ter sido surpreendidos e arrebatados e
deslumbrados, mas de onde, ao contrário, saímos com a
sensação, de já todos termos visto antes este filme.
Mafalda Roma, Nº8731
Cultura Visual
FBAUL / MEA
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