quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Museu Diocesano de Santarém

Museu Diocesano de Santarém



Inaugurado em 12 de setembro de 2014, este recente museu está integrado no complexo arquitetónico da Sé de Santarém e no projeto nacional “Rota das Catedrais”.
O edifício onde está instalado começou por ser Paço Real, depois colégio Jesuíta e mais tarde Seminário do Patriarcado de Lisboa. Na ala norte, o espaço da antiga portaria, da livraria e da sala anexa foi recuperado e dá agora lugar às salas do museu, onde mais de uma centena de peças escultóricas, de pintura, de azulejaria, recuperados, restaurados e oriundos de diversas paróquias da diocese, permitem a contemplação dos mistérios da fé cristã do povo ribatejano.
Foi distinguido pela Fundação Calouste Gulbenkian com o prémio Vilalva 2014, tendo o júri destacado a importância cultural do projeto, que passou pela recuperação de centenas de obras de arte sacra e do próprio complexo da catedral da cidade.

A entrada do museu faz-se pela porta Norte dando acesso à bilheteira e loja, sendo depois o itinerário sugerido pelo seguimento de uma planta do espaço a visitar. Saindo da loja vamos ter ao “Pátio da Cisterna” onde uma palmeira esguia nos conduz o olhar para o céu azul que encima o edifício, dando-nos o mote para a elevação do espírito e entrada noutra dimensão. 
                                                                                                                                                             
No canto oposto abrimos uma porta e somos recebidos num espaço onde a música sacra nos envolve e cria um ambiente acolhedor que nos convida à calma, reflexão e interioridade e é nesta Sala “do Poço” (descoberto aquando das obras de restauro do edifício) que “mergulhamos” na fruição de um património singular. À nossa direita temos a primeira obra “Santíssima Trindade”, pintura a óleo sobre tela da oficina portuguesa (Lisboa) séc. XVIII (primeira metade) que nos impressiona pela sua grandiosidade tanto de forma como de cor.










Passando à sala “Uma Mulher Bela” temos à esquerda o retábulo da” Imaculada Conceição”, em madeira entalhada e policromada, escultura anónima, de vulto, do séc. XVII (segunda metade), com o tema secundário: Mártires de Marrocos, e olhando para a figura da Imaculada Conceição percebemos o porquê do nome da sala, ela é de uma beleza e doçura que nos leva a parar, contemplar e voltar atrás para a voltarmos a ver de novo.



Junto, uma (das várias) escultura(s) anónimas da “Santíssima Trindade”, em calcário bege, séc. XVI (primeira metade), bem como a pintura “Anunciação” a têmpera e douradura sobre carvalho, anónima, séc. XVI (finais) e ainda esculturas de “Santa Ana educando a Virgem Santa Maria”, anónima, em calcário policromado, séc. XV e “São Mateus, apóstolo e evangelista” e “Santa Maria e São José” (presépio) do séc. XVIII.






Na sala “Do Silêncio à Luz” o tema principal das pinturas e esculturas é a Paixão de Cristo. No meio da sala, um banco permite que nos sentemos e observemos o grande painel de azulejos “Queda de Jesus a caminho do calvário”. 




Duas esculturas de Nossa Senhora da Piedade ladeiam a escultura em tamanho natural de Jesus morto, sendo esta obra impressionante mas dolorosa de ver dado o seu realismo.
Na extremidade esquerda da sala temos três grandes pinturas com a visão de São João Evangelista na ilha de Patmos.


Passando à sala “Tantas Vidas” dois quadros pintados a óleo de “São Lourenço perante o Imperador” e o “Martírio de São Lourenço” e ainda vários relicários destacando-se o “Santo Lenho” e “Mão de São Brás”, bem como esculturas de Santa Iria, Santo António, São Francisco, Santa Clara e São Bernardo de Claraval.




















Em seguida entramos no Refeitório “Jesuíta” onde nos chama a atenção toda a azulejaria que a circunda, bem como a arquitetura do espaço e onde se encontra uma exposição temporária (8 dez 2015 a 19 mar 2016) sobre as comemorações dos 750 anos da morte de São Frei Gil de Santarém.


Do refeitório passa-se pelo corredor “Manuelino” que tem “figuras” com vestuário e algumas vitrinas com cerâmica, mas sem qualquer identificação e daí passamos novamente para o pátio da Cisterna, donde temos acesso à Sacristia, que ainda é utilizada, onde o sacristão arrumava as vestes sacerdotais e os utensílios usados na missa da manhã, tendo-nos recebido com simpatia e manifestando agrado pela nossa visita e interesse.

Depois a entrada na Catedral, construída no séc. XVII é considerada “majestosa” e coroada por magníficos tetos pintados a óleo sobre madeira de carvalho, sendo a figura central a “Imaculada Conceição” atribuída a António Machado sapeiro séc. XVIII c. 1715, tem ainda oito capelas laterais e uma riquíssima capela-mor, com um retábulo de admiráveis embutidos de pedraria policroma. De salientar o altar lateral de Nossa Senhora da Boa Morte, um trabalho em mármore do escultor António Bellini de Pádua.


Ao lado do altar-mor, no sacrário, temos mais um espaço com a luz coada por um vitral, onde nos podemos sentar e refletir, longe do bulício da cidade.

Para finalizar a visita, que já vai perto das três horas, voltamos à loja por uma porta lateral da igreja para comprar alguma literatura de interesse e ainda algumas recordações deste espaço que tão bem nos recebeu, como a “Dezena da Catedral” que nos oferece um imagem da padroeira da diocese “Imaculada Conceição” e uma prece: 

"À vossa proteção nos acolhemos,
Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas
Em nossas necessidades;
Mas livrai-nos de todos os perigos,
Ó Virgem gloriosa e bendita."





Bibliografia

ALMEIDA, Duarte Álvaro; BELO, Duarte (coord.) - Portugal Património- volume VI, (2007) Círculo de Leitores, 12 volumes.
NEWALL, Diana – Compreender a Arte, Lisboa (2008) Editorial Estampa.
SALDANHA, Sandra Costa (coord.) – Guia de Boas Práticas de Interpretação do Património Religioso, (2014) Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja/Turismo de Portugal.


Texto e Imagens 

Maria Ana Guerreiro Botelho

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