quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

"O dia em que os círculos desapareceram do mundo"






"Nas ruas, a confusão instalou-se. Os carros mal conseguiam andar com as rodas triangulares e alguns sinais de trânsito não eram perceptíveis à primeira vista. Nos restaurantes, era impossível comer, pois mal se conseguia pegar nos copos e quando as colheres chegavam à boca já a sopa tinha escorregado pelo caminho. A orquestra metropolitana teve de improvisar novos instrumentos, para se preparar para o grande concerto da  semana seguinte, em que o triângulo foi o protagonista. Perante este fenómeno extraordinário, as autoridades decidiram dar início a uma missão espacial: enviar o homem numa viagem até ao espaço para observar o resto dos planetas e talvez pedir ajuda a quem por lá estivesse. Mas, quando os astronautas chegaram ao espaço, parecia que estavam no meio de um jogo de Tetris. Marte tinha a forma de um “L”, Urano era um triângulo, Neptuno um hexágono tosco e o anel tão bonito de Saturno era apenas um quadrado, em volta de outro."



   A editora Triciclo, nasce através de três amigos que se conhecem na escola de artes Ar.co, em Lisboa. A vontade de criar uma editora que experimentasse novas técnicas e abordagens diferentes na área da ilustração infantil foi o que os levou a seguirem este caminho. A revista infantil de passatempos Triciclo já conta com a sua segunda edição, sendo que a primeira em Fevereiro esgotou antes mesmo da sua apresentação ao público, mas o que se destaca é que este grupo constituído por Ana Braga, Inês Machado e Tiago Guerreiro consegue criar um imaginário destinado aos mais novos, mas que não exclui de algum modo os leitores mais velhos.

   Para representar este “mundo imaginado” aliam-se de técnicas como o desenho à mão, a risografia, gravura, serigrafia e encadernação manual, conseguindo atingir sempre uma textura característica nas suas ilustrações, ilustrações estas que são o marco principal para representar a Triciclo, pois através delas, contam as suas histórias para as crianças que ainda não sabem ler poderem apreciar na mesma a sua narrativa e funcionam como modo de educação visual para as crianças.


   Para além da revista os autores produzem outros conteúdos como prints e pequenas parcerias com outras editoras ou livrarias e até mesmo outros projectos como um livro de artista destinado às crianças. É de louvar que esta iniciativa começou no início do ano de 2017 por um grupo de amigos que apenas queria dar lugar a um projecto pouco convencional no mundo da ilustração infantil portuguesa e acabou por ter imensa projecção e procura.

 “A ideia da revista é ser publicada semestralmente e ter pelo meio algumas edições especiais. Não fazemos isto pelo dinheiro, mas para criar um projecto realmente nosso, de que gostamos e onde podemos ser livres."


   Triciclo nasceu com poucos recursos monetários e tem marcado a sua presença no panorama cultural em Portugal pela sua simplicidade de formas e despreocupações para com os métodos convencionais de ilustração e educação infantil.







Paraquedas, 2017 | Tiago Guerreiro | 10,5 x 14,5 cm |
 Serigrafia sobre papel Fabriano Rosapina 220 gr
 


A nova história da Arte da Triciclo, 2017 | 17.2 x 14,5 cm |
Impresso a Risografia a 7 cores sobre o papel Fedrigoni Arco Print 100 gr milk





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