1.1 - Contexto da Galeria:
Antes de começar a
desenvolver uma recensão sobre a exposição “Augusto Alves da Silva e João
Queiroz”, ciclo dedicado à coleção António Cachola, principal propósito deste
trabalho, devo procurar descrever, sumariamente, o que constituiu a criação do
espaço Chiado 8, a sua história, contexto e objectivos.
O “Espaço Fidelidade Arte
Contemporânea – Chiado 8”, sediado no edifício da Fidelidade Companhia de
Seguros, do Largo do Chiado, “foi inaugurado em janeiro de 2002, com o
objectivo de participar nas iniciativas de reabilitação do Chiado, através da
criação de um espaço de divulgação de arte contemporânea”[1].
O espaço, que ocupa o terminus, imediatamente posicionado à entrada do piso
térreo do edifício, é composto por três salas, não de grande dimensão, e que se
desenvolvem em v. Neste espaço tem vindo a ser exposto o trabalho de muitos
artistas com expressão na arte contemporânea. “A iniciativa consiste em
precisamente promover o reconhecimento dos talentos portugueses”[2].
Desde 2002 têm
vindo a ser muitos os artistas que têm exposto neste espaço: José Manuel
Rodrigues, Urbano da Cruz, Álvaro Siza Vieira, Pedro Casqueiro, Lourdes Castro,
Gonçalo Barreiro, Pedro Sousa Vieira, Renato Ferrão, Luis Amado, Ana Santos,
Pedro Morais, Ricardo Jacinto, Isabel Pavão, Vítor Pomar,Joana Rego, Gerad
Castelo Lopes, Costa Pinheiro, Alberto Carneiro, Cristina Ataíde, Luisa Cunha,
Ivo Ribeiro, Augusto Alves da Silva, João Moreno, Ida David, Albuquerque
Mendes, Jan Voss, René Bertholo, Base Litz, Nikias Skapinakis, René Bertholo,
Penk, Jorge Jorge Galindo, Luisa Correia, André Guedes, André Sousa, João
Queiroz, José Loureiro, Leonor Antunes, Alexandre Estrela, Ana Jotta,
Francisco Tropa, Leonor Antunes , Alexandre Estrela,Jorge Molder, Cruz
Filipe, Sónia Almeida e Rui Toscano, João Penalva, Fernando Brito, Pedro Croft.
2.1 - Vida
e Obra dos Artistas:
Augusto Alves da Silva tirou o curso de Engenharia Civil no IST - Instituto Superior Técnico entre 1981 e 1984. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian onde realizou uma Licenciatura em em Fotografia no London College of Printing em 1989 e um Mestrado em Belas-Artes com especialização em Media na Slade School of Fine Art em Londres. (Lisboa, 1963) Vive e trabalha em Lisboa)
João
Queiroz começou a expor pintura e
desenho na primeira metade dos anos 80, enquanto estudava Filosofia na
Faculdade de Letras de Lisboa. Ambos os interesses convergiram na sua obra,
levando a cabo uma informada reflexão sobre o papel da imagem na
contemporaneidade, em abordagens experimentais a problemas antigos da linguagem
da arte, tanto ao explorar o potencial das palavras escritas em composições,
como, a partir de 1998, ao procurar dar a ver representações sensoriais e
não-descritivas da natureza. Foi docente de Desenho, Pintura e Teoria de Arte
no Ar.Co (1989-2001). Vive e trabalha em Lisboa[3].
“Ist”,1999. 50 fotografias a cores, R-3. Fundação
Luso-Americana para o Desenvolvimento[4]
3.1 - A Obra Exposta
A primeira sala
da exposição é ocupada com alguns desenhos de João Queiroz, em técnica mista.
Já antigos, datam da década de 90. Os desenhos parecem ser um permanente “retorno
generoso à paisagem” (Marmeleira, 2010)[5], e aludem à exposição
“Silvae”, do autor, na Culturgest, em 2010. O lápis de carvão, de cor ou guache
nos desenhos de João Queiroz parecem justificar uma coerência do artista às
suas técnicas e modelos. De facto o tempo em que foram feitos não comprometem a
sua posição em relação à arte. Segundo Ricardo Nicolau, Queiroz “não é um
artista difícil de identificar. Está muito longe de ser camaleónico, em termos
estilísticos”[6]
e por esse motivo a obra de Queiroz, entendida como metodologicamente
sistemática, não se apresenta como uma ruptura ao que foi, mas sim a um
permanente ajustamento, a um possível aperfeiçoamento com os seus princípios.
Num processo em
que a arte pode também ser uma “reescrita”, uma obra aberta que cria, nas
palavras do pintor, “novas sensibilidades”[7]
Da mesma maneira,
e de modo a fazer a ligação entre a sua pintura e a fotografia de Augusto Alves
da Silva, na sala seguinte, os dois artistas parecem manifestar, na sua prática
artística, embora em diferentes suportes, uma mesma alusão à política, com o
recurso à paisagem. Ainda Nicolau revela sobre Queiroz: “porque lhe interessou
desrespeitar o estabelecimento das categorias e das hierarquias que sempre
orientaram não só aquele género histórico mas toda a nossa relação com a natureza
e, mais genericamente, fortemente associada à ideia de subjugação. Se
quisermos, talvez, por isso, e contra todas as expectativas, a sua prática art[8] ística já tenha sido apresentada como iminentemente
política"
As fotos de
Augusto Alves da Silva ligam-se tematicamente a Queiroz pela paisagem e ajudam
no trajeto da exposição. Ocupando a sala
do meio, de planta rectangular, as fotografias, em grande formato apresentam a
repetição de uma paisagem edílica campestre e que só difere na luz e na hora ou
dias em que são tiradas.
Elas enfatizam o
lugar em que, em 2003, Durão Barroso recebia Blair, Bush, Asnar. Os Açores.
Essas mesmas paisagens evocam a paz nos açores, em que nada acontece e que, por
isso, e por se verificar o contraste, foi mesmo nesse lugar, longe de tudo, que
foi decidido o início da Guerra com o Iraque.
As fotos
penduradas sobre as paredes parecem repetir-se, mudam, no entanto, nas
condições de luz em que são fotografadas. A repetição das imagens ajuda assim a
enfatizar o lugar onde, embora o tempo passe, nada acontece.
A última sala,
mais estreita, culmina com duas pinturas a óleo, em grande escala de João
Queiroz, como que se quisesse encerrar ou entrincheirar a vulnerabilidade do
tema de Alves da Silva. De novo a paisagem, mas agora sobre tela.
Atribui uma
pausa: “Devolve ao espectador um olhar silencioso sobre os pequenos acontecimentos
da natureza”[9],
porem, inquietaste.
Para quem ainda entra na sala sob o efeito das apoquentações do mundo. Há exposições “diz-nos novamente Marmeleira, onde nos podemos perder, sem receios, acompanhados apenas pelo corpo das obras”. (…) Uma floresta na qual se vislumbram paisagens, arbustos, árvores e outros motivos”.(Marmeleira, 2010)
Para quem ainda entra na sala sob o efeito das apoquentações do mundo. Há exposições “diz-nos novamente Marmeleira, onde nos podemos perder, sem receios, acompanhados apenas pelo corpo das obras”. (…) Uma floresta na qual se vislumbram paisagens, arbustos, árvores e outros motivos”.(Marmeleira, 2010)
[1] MARMELEIRA, J. (2010) “Todo o corpo vê na pintura de João Queiroz” https://www.publico.pt/2010/10/13/culturaipsilon/noticia/todo-o-corpo-ve-na-pintura-de-joao-queiroz-267244
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