sábado, 5 de janeiro de 2019

One Two Three Swing!



O Turbine Hall é possivelmente o espaço expositivo, dedicado à arte contemporânea, com maior visibilidade nos dias de hoje. Todos os anos, um artista (ou grupo) é escolhido para intervencionar o espaço. No ano de 2017, calhou ao grupo Superflex, três artistas dinamarqueses conhecidos por envolverem activamente o espectador nos seus projectos. 

Com One Two Three Swing, os artistas instalaram por todo o espaço do Turbine Hall uma série de baloiços que, na sua maioria, funcionam a três pessoas, alastrando por todo o espaço uma espécie de estrutura contínua, uma linha vermelha que se prolonga e se transforma através da "energia colectiva" representada pelos diversos baloiços em movimento. Na entrada principal, deparamo-nos com este pêndulo gigante, uma bola de aço que se move de um lado para o outro como se se alimentasse da energia gerada pela experimentação de grupo, como a bateria que alimenta um relógio. Por baixo deste pêndulo, está uma carpete multicor que abre espaço para a contemplação de tal movimento contínuo.



"It is like restarting the engine of the Turbine Hall, trough collective energy" (Superflex) 


Este projecto, claramente inspirado não só pela antiga fábrica de electricidade (agora Tate Modern) mas também por projectos semelhantes criados pelo melo mesmo trio como Superkilen Park, pareceu-me por uma lado cumprir o seu objectivo, mas por outro dá a ideia de fracassar em "agarrar" este enorme espaço. 

One Two Three Swing, é uma ideia bastante interessante visto que pretende instigar a uma acção, pretende criar uma energia colectiva a partir das diversas interacções ali criadas; mas, enquanto projecto artístico, parece faltar algo. O espaço não é, definitivamente, um factor crucial para que a obra funcione, poderia funcionar (com diferente escala) em qualquer outro lugar. E, tendo em conta a interactividade inerente na instalação, ela parece aludir mais a um playground onde todos são convidados a "brincar", do que a uma experiência que eleve o espírito social a objecto artístico, e que de facto instigue a uma mudança no indivíduo enquanto grupo social. É certo que deste espaço, pelo seu mediatismo, muitas vezes se esperam instalações que alimentem o mercado da arte em si ao invés de aspirarem ao verdadeiro valor artístico, mas ainda assim fiquei desiludido com o produto final, apesar de me ter divertido.

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