sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

1000 imagens - uma palavra vale mais do que mil imagens

No dia 29 de novembro de 2018 passei pela Galeria Cristina Guerra em Lisboa para a inauguração da exposição intitulada 1000 imagens — uma palavra vale mais do que mil imagens. Analisarei a curadoria da exposição, a situação de inauguração e os trabalhos dos artistas expostos.




Esta exposição, com a curadoria de Alexandre Melo, chamou-me à atenção pelo seu nome. A frase "uma palavra vale mais que mil imagens" é uma alusão ao ditado popular "uma imagem vale mais do que mil palavras". Numa pesquisa rápida pela internet descobrimos que a expressão não é muito antiga, e poderá datar do início do século XX. O título pode facilmente ser considerado cliché, ou uma brincadeira demasiado simples.

"A imagem, as imagens, parecem ser as indiscutíveis vencedoras do cada vez mais veloz concurso das transformações culturais ocorridas ao longo do último século. Da celebração da emergência e generalização da circulação global das imagens de novo tipo ( fotografia, cinema, televisão, digital ) passámos, na viragem do século, à constatação da afirmação e triunfo do império das imagens. Ao mesmo tempo, como decorre da natureza contraditória de todos os processos de transformação cultural, foram começando a subir de tom as denúncias da invasão por um excesso de imagens e os alertas para o perigo do afogamento dos significados e sentidos no pântano de uma infinidade de imagens tornadas cada vez mais irrelevantes pelo volume e velocidade da sua propagação epidémica. O fenómeno vem-se tornando evidente na crescente agitação das redes anti-sociais que alimentam a grande pocilga comunicacional digital ; e cuja vocação predadora e criminal só agora começa a ser discutida. E as palavras ?" 
(Alexandre Melo, excerto da folha de sala)

O curador na sua folha de sala parece-me cair num erro. Distancia a palavra de uma imagem. Na minha opinião qualquer palavra é uma imagem, em todas as suas possíveis maneiras de representar. Qualitativamente, considerei a curadoria da exposição circunstancial.

Em relação à situação de inauguração considero o seguinte. Compreendo que uma inauguração é um momento em que as pessoas se encontram para conviver. No entanto, acho que o tema de conversa deverá ser o da exposição ou algo relacionado. Pelo que ia ouvindo não se cria um ambiente em que o foco é o trabalho ou o artista, mas sim outros assuntos porventura mais superficiais e que poderiam muito bem ser discutidos noutro contexto.

VASCO ARAÚJO | JOHN BALDESSARI | ROBERT BARRY | FILIPA CÉSAR | JIMMIE DURHAM | GARDAR EIDE EINARSSON | HORÁCIO FRUTUOSO | ROBERT GOBER | DOUGLAS GORDON | RENÉE GREEN | DEREK JARMAN | JOSEPH KOSUTH | JOÃO CÉSAR MONTEIRO | JONATHAN MONK | MATT MULLICAN | JOÃO ONOFRE | RAYMOND PETTIBON | PRATCHAYA PHINTHONG | ROSÂNGELA RENNÓ | ED RUSCHA | JULIÃO SARMENTO | WANTANEE SIRIPATTANANUNTAKUL | JOÃO PEDRO VALE + NUNO ALEXANDRE FERREIRA | LAWRENCE WEINER | YONAMINE 
(lista de artistas expostos)

Concluindo, os artistas expostos, considerando ser uma exposição de uma galeria em Lisboa, achei serem de extrema qualidade. De uma maneira geral gostei de ver artistas de renome internacional, peças que conhecia mas nunca tinha visto ao vivo. Achei sui generis a pertinência desta exposição para a minha pesquisa pessoal e académica, quase como se fosse uma exposição feita para mim. 

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