A expôr individualmente pela primeira vez na Galeria 3+1 Arte Contemporânea, Teresa Braula Reis (Lisboa, 1990) apresenta The Pathos of Things, patente de 16 de Novembro de 2018 a 12 de Janeiro de 2019.
Ao entrar na exposição somos confrontados com uma grande espacialidade entre as diferentes peças e devido à disposição da galeria em dois pisos é impossível visualizar todos os trabalhos de apenas um ponto de vista. Um díptico composto por duas fotografias que mostram uma máquina a suportar destroços de uma construção e uma mão a segurar um objecto, desvenda-nos os materiais que veremos no resto da exposição onde, como é habitual no trabalho de Teresa Braula Reis, o betão e o tijolo são predominantes.
A artista evoca uma passagem do arquitectónico para o escultórico, acentuando uma temporalidade presente no universo da construção reflectindo sobre a ideia de ruína, memória e nostalgia. Essa passagem do tempo é visível nas obras Folded Skin e Standing Skin, objectos feitos de chapas metálicas e betão, respectivamente, que apresentam uma certa degradação visual. Também a obra Seeds #2, ferrugem sobre papel, mostra a sua procura por uma temporalidade existente em alguns materiais de construção.
Os seus trabalhos que me interessam mais são aqueles em que a artista utiliza os materiais para explorar a espacialidade, tocando na relação entre volume e vazio como é o caso das duas partes da obra The Fleeting Hand, expostas em diferentes pisos na galeria. No piso superior está a parte 1 do trabalho, composta por tijolos que me leva para um imaginário do edificado urbano. Enquanto que no piso inferior a parte 2 é um quadrado no plano do chão, feito de pó de tijolo e com a mesma área que a parte 1. As últimas peças presentes no piso inferior assemelham-se a cortinas, feitas de uma malha de aço inoxidável com pedaços de entulho, quebrando a dimensão da sala mas ainda assim permitem que o olhar as atravesse. Como escreve Delfim Sardo, o trabalho da artista lida também com tipologias do habitar.
A meu ver a exposição ganha por estar dividida em dois pisos, por um lado enaltecendo o facto de existir uma maior separação entre os elementos pesados (exteriores) e aqueles que são mais leves (interiores). Por outro lado este caminhar entre pisos pode acentuar a dimensão do trabalho quando relacionado com a própria construção, estabelecendo uma linguagem coerente e seguindo a linha de trabalho de Teresa Braula Reis.
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