segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome"

         Nicolás Paris nasceu em 1977, em Bogotá, Colômbia, onde vive e trabalha. Tem obras nas colecções de museus como a Tate Modern, em Londres, ou o MoMA, em Nova Iorque. Foi artista residente na 30ª Bienal de São Paulo, em 2012. Em 2015, inaugurou duas exposições em Portugal –no Fórum Eugénio de Almeida, em Évora, e no Museu Colecção Berardo, em Lisboa. Ambas com curadoria e o timbre incontornável de Filipa Oliveira. A exposição no Museu Colecção Berardo tem como título «Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome». Qual o significado do título? À agência Lusa, o artista colombiano explicou que «falar do que não tem nome representa, na exposição, algo de novo, que está para surgir, e que vai resultar da interacção entre o público e as obras, do que daí poderá surgir». Será este o mote da exposição, as obras não como fim em si mesmas, produto acabado, mas como instrumento, meio, processo de criação de algo novo. As quatro variações à volta de nada exprimem-se em quatro salas que representam quatro conceitos: ferramenta, método, ideia e sistema. Aqui o visitante é convidado a participar com as suas próprias experiências e ideias: as obras de arte não são um produto, mas um processo de reflexão e uma ode às demais possibilidades. Nesta exposição apela-se à pergunta, à duvida, ao desaprender, a destruir, a construir, a caminhar, a recordar, a olhar, a ter voz dentro do museu. Na segunda sala, na qual é apresentado o “método”, testa-se o conceito do espaço de sala de aula. Com a ajuda de um texto de sala, podem ler-se conceitos referentes a cada obra/sala de aula.

 
 
Imagem 1 - Sala de aula para o erro

           Na imagem 1 pode ver-se o que parece um bicicleta quadrado e sei pedais, eis a sala de aula para o erro, na qual se propõe «o incorrecto, opções para falhar, possíveis caminhos para nos equivocarmos». Na imagem 2 pode ver-se parte da sala de aula para ler nas entrelinhas, em que se propõe ler e encontrar «o que está escondido, o que não se vê, a possibilidade». Entre estas duas salas de aula existe uma seta de madeira no chão, designada sala de aula para aprender a andar para trás, que nos sugere desaprender porque «avançar quase nunca é ir em frente». Paris tem o intuito de fazer do museu um espaço de partilha de experiências onde o conhecimento tem possibilidades de crescer, ir por vários caminhos, e é da responsabilidade de cada visitante. Assim, podemos entender e experimentar este trabalho de Nicolás Paris como um instrumento e uma ferramenta para o exercício do pensamento próprio.


Imagem 2 - Sala de aula para ler nas entrelinhas





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